Mística do Ramo
Pioneiro
Ao se analisar o
Ramo Pioneiro, percebe-se que o adestramento do jovem pioneiro constitui-se de
etapas nas quais ele se prepara e faz ingresso na vida adulta. Para tanto,
através de estudos, leituras, debates e reflexões, o jovem toma conhecimento de
suas capacidades e começa a perceber e estruturar sua escala de valores com os
quais norteará suas ações daí para a frente.
O pioneiro é
convidado a fazer suas descobertas, tanto individuais quanto sociais, de forma simples,
alegre, mas séria, nunca se distanciando do Espírito Escoteiro, da Lei e da
Promessa Escoteiras.
Atendendo à necessidade do Homem de transformar a vida em símbolos, é
preciso que as atividades do Ramo se façam envolvidas por uma mística. Como o
Homem faz sua história construindo um elo entre fatos passados, os presentes e
os futuros, nada mais simples do que buscar, em algum momento da nossa
história, situações que se assemelhem com a que vivemos atualmente no Clã para
constituírem a Mística do Ramo Pioneiro.
Foi marcante para a
humanidade a época dos Cavaleiros, caracterizada pela busca do conhecimento, de
novos limites, até mesmo territoriais, e quando os valores morais e religiosos eram
muito fortes para a conduta dos homens. E, dessa época, lenda ou não, o que mais
tem sido lembrado, histórica e literariamente, é a corte do Rei Arthur e os
Cavaleiros da Távola Redonda.
Como em todos os fatos passados, não se pode distinguir mais o que
foi real do que é fruto da imaginação literária, mas o que importa são os valores
transmitidos e que podem servir de estímulo às nossas ações atuais. É o passado
possibilitando a concretização do presente.
Os Cavaleiros da
Távola Redonda formavam um grupo fechado de jovens corajosos ligados por um
código comum e tendo como objetivo a Busca do Graal, além da defesa dos fracos
e oprimidos e a busca da justiça. Eles não foram os primeiros, na história da
Humanidade, a sair em busca do Santo Graal (cálice santo, contendo a gota do
sangue de Cristo, retirada por José de Arimatéia, e que tinha em si o prodígio
da sabedoria, do conhecimento dos mistérios). Essa busca remonta aos antigos
habitantes da Europa, os Celtas, que, através de seus druidas, procuravam a
Cornucópia, que continha a riqueza da vida.
No presente, na vida
do pioneiro, também vamos perceber a busca que esse jovem faz para encontrar o
conhecimento. Ele, como um antigo cavaleiro, se aventura por novos caminhos, norteado
por um código (Lei Escoteira e Virtudes Pioneiras) e com um lema a seguir:
Servir.
Diante da
semelhança, nada mais natural que se adote como Mística do Ramo Pioneiro a época
e os costumes dos Cavaleiros da Távola Redonda. Tal fato não significa
teatralizar os momentos místicos e importantes da vida do pioneiro e, sim, resgatar
dos Cavaleiros os costumes e símbolos que são comuns a ambos. Dessa forma, um
escudeiro, ao final de seu adestramento para se tornar um pioneiro, faz uma vigília
(uma análise e um encontro consigo mesmo, preparando-se para assumir definitivamente
o Servir e a Promessa Escoteira), como faziam os cavaleiros, num local que permita
o silêncio e a paz necessários a essa introspecção. Após essa vigília,
sentindo-se pronto, ele será investido pioneiro, numa cerimônia que poderá trazer
dos antigos cavaleiros o clima de seriedade diante de um compromisso, a idéia
de despojar-se de valores e atitudes em desacordo com esse compromisso,
simbolizada pelo lavar-se na água pura, e a noção de honra que permitirá seguir
a Promessa Escoteira, dedicando-se a fazer o melhor possível para cumprir seus
deveres para com Deus e a Pátria, ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião
(Servir) e obedecer a Lei Escoteira. Como em todas as atividades escoteiras, o
pioneiro vestirá seu uniforme ou traje escoteiro e será
investido por seus mestres, diante de seus irmãos pioneiros, já
investidos.
Ainda dos antigos
cavaleiros, constituindo mais um símbolo da Mística do Ramo Pioneiro, resgata-se
a "Távola redonda" e cria-se a Mesa Pioneira, sempre circular para
poder receber, sem distinções, os pioneiros que passam a fazer parte do Clã e
exibindo a inscrição das Virtudes Pioneiras que são, no presente, a súmula da
Lei Escoteira e, por coincidência ou não, formavam, no passado, o conjunto das
virtudes dos cavaleiros.
Como os primeiros
homens, os pioneiros devem ter um local onde se farão os encontros do Clã. Esse
local é chamado Caverna do Clã e, nele, os pioneiros guardarão suas tradições.
A Caverna é mais um item da Mística do Ramo Pioneiro e representa o próprio
Clã, ao mesmo tempo que simboliza à volta ao útero materno, à volta para dentro
do próprio eu para que se encontre o conhecimento, a verdade interior de cada
um, única forma de se conquistar a
felicidade mencionada anteriormente. A Caverna é, portanto, esse
local ideal para a aventura da busca do Graal individual que o Programa
Pioneiro, se bem executado, permite que se realize. Deverá conter os símbolos
escolhidos pelo Clã para representá-lo, ou seja, símbolos que sejam realmente
significativos à vida do Clã e estejam de acordo com as características de seus
pioneiros.
Retirado de http://www.escotismo.org.br/html/pioneiro/mistica.htm